FACEBOOK FEZ UM FACELIFT
Mark em mais uma jogada genial: Facebook agora é Meta e isso muda muitas coisas para você, sua avó, o Governo Americano e o futuro da internet.
Vamos supor que Mark Zuckerberg, Aline Riscado e Puff Daddy entrem num bar...
Aline Riscado conta para Marquito que mudou de nome para Aline Campos. A modelo quer deixar para trás o passado, se preparar para algo novo.
Puff Daddy, que já fora conhecido em outras eras como Sean Diddy Combs, ou P.Diddy, ou Diddy conta para Mark que agora se chama Sean LOVE Combs. Mudou de nome para trazer a Era do Amor à Terra (Spoiler: não vai dar certo, Sean).
Mark, um cara que nunca roubou uma ideia na vida, se inspira.
A Facebook Company agora se chama META. Assim como Aline Campos e Sean Love Combs a intenção é: 1) deixar o passado para trás e se preparar para o novo, e 2) trazer uma nova era à humanidade (Spoiler: o metaverso tem mais chance de acontecer do que a Era do Amor).
Duas ótimas jogadas.
PARTE 1: RELAÇÕES PÚBLICAS E RELAÇÕES COM INVESTIDORES
Vamos começar pelo mundano: a Facebook Company é a dona do Facebook, Instagram, Oculus e WhatsApp. A companhia, portanto, tem o mesmo nome do seu primeiro produto, algo comum. Outro exemplo: A Coca-Cola. Coca-Cola é a companhia mãe-de-todos e também o nome do produto, do líquido maravilhoso e sagrado. Tem Fanta, Sprite... mas a empresa-mãe tem o nome do produto principal.
O Facebook Produto, a rede social (o “refrigerante”) está em crise. Well, não tecnicamente, porque ainda fatura horrores. Mas sabemos que o uso do app pelo demográfico mais valioso, os jovens, está em queda. Eu, particularmente, não conheço ninguém abaixo de 55 anos que ainda use a rede social Facebook. Não é uma crítica, é uma constatação. Para uma rede que vive de anúncios, não ter jovens na plataforma é mortal: o mercado publicitário ama o grupo entre 18 e 34 anos, o famoso “18-34”.
As últimas vezes que o nome “Facebook” apareceu na mídia foi para apanhar. Apanhou da imprensa e apanhou do Congresso Americano. Não vou me alongar nessa mas você provavelmente sabe a história: fake news, interferência em eleições, aumento de suicídios e doenças psicológicas nos jovens, e por aí vai.
Temos dois problemas aqui: um de marca e um de produto.
O nome “Facebook”, a marca, está passando por uma crise grave de imagem e o produto “Facebook”, a rede social, vai morrer porque está ficando obsoleta.
Numa jogada só, Mark atacou os dois problemas.
Ao tirar Facebook do nome da empresa-mãe, ele se afasta definitivamente do produto problemático, se afasta da rede social velha e obsoleta. É uma injeção de botox de branding. Muita gente achou que o app onde sua avó tem conta mudou de nome e já gelou: “como minha avó vai achar esse tal de Meta aê”. Nope, não é isso. O app, a rede social, o produto, segue igual. Foi a empresa que se afastou.
E do ponto de vista de relações públicas, quando falarem mal do Facebook estão falando de quem exatamente? Da empresa? Não. Do PRODUTO, né? Da rede social, e não mais da empresa inteira. Porque agora a empresa tem outro nome: Meta.
Então essa é a parte mundana, mais prática. Curto prazo. Investidores vão ficar felizes de não ter mais o nome obsoleto estampado na carteira de ações e vai dar uma aliviada nas manchetes negativas.
Agora vem a parte mais sensacional e interessante: a construção do novo. Ao renomear a empresa, Mark está também REORIENTANDO a empresa. Vem aí o metaverso. Mark não está sozinho na ideia. Metaverso é um conceito quente, palavra comum nas rodinhas da tecnologia do mundo todo.
PARTE 2: O FUTURO DO MARQUITO E O METAVERSO
É, sim, difícil de explicar e entender conceitos abstratos e tecnologias que sequer foram inventadas, mas vou fazer o meu melhor aqui.
Eu entendo o metaverso como um estilo de vida.
Nos anos 80, se você quisesse comprar uma camisa você tinha que necessariamente ir à loja. Alguns anos depois, você podia ir à loja ou entrar no site da loja. Hoje, você pode ir à loja, entrar no site da loja ou no aplicativo da loja.
Para assistir a um jogo de futebol, antigamente você tinha que ir ao estádio. Depois, você podia ir ao estádio ou ouvir no rádio. Depois: estádio, rádio ou TV. Hoje: estádio, rádio, TV ou streaming.
Nossa forma de interagir com o mundo vem mudando. Qual será a próxima? Provavelmente é o metaverso.
O jeito mais comum de visualizar o metaverso é assistindo ao filme “Ready Player One”, de Steven Spielberg, baseado no livro homônimo de Ernest Cline. Os personagens colocam um óculos de realidade virtual, criam avatares, e passam boa parte do tempo dentro do OASIS, que é um metaverso. Lá os avatares participam de festas, eventos, compram, jogam e trabalham.
READY PLAYER ONE - WARNER BROS PICTURES
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Sei que hoje estamos ainda presos à ideia de ter um laptop, de olhar para uma tela grande ou pequena. Estamos acostumados a um shopping de concreto ou uma casa de eventos com buffet e cadeiras.
Mas e se...
E se houver um lugar virtual, que vamos acessar de algum jeito e que vai se transformar em mais uma forma de interagir com o mundo? Metaverso.
Leitor mais atento já percebeu que eu falei “óculos de realidade virtual” ali em cima e Oculus ainda mais acima. Marquito comprou a Oculus há uns 8 anos por US$2B, uma empresa que fabrica óculos de realidade virtual. Ele fez isso porque acredita que a entrada para o metaverso, por enquanto, é através de um óculos de realidade virtual ou que essa tecnologia vai ser fundação. Enxergaremos o metaverso com esse device ou através de uma evolução dessa tecnologia.
A ideia mais comum, portanto, é o metaverso como um ambiente virtual onde passaremos nosso tempo. A gente coloca o Oculus, liga, faz login, o Oculus projeta um mundo paralelo e através de algum tipo de controle vamos passear por ali. Vamos participar de jogos, eventos, shows e trabalhar. Vai existir um MetaMaracanã onde assistiremos ao jogo usando nosso Oculus. Vamos ao metashopping visitar as lojas.
Por anos Mark controlou a forma como você se relaciona com pessoas e produtos. Por um momento, há alguns anos, o facebook.com era quase o padrão: as pessoas entravam de manhã e ficavam logadas ali interagindo o dia inteiro. Mark quer continuar sendo “aquilo” que fica entre você e o mundo. Seja um site, um app… ou no futuro o metaverso.
Esse é o nosso entendimento hoje, mas possivelmente quando o metaverso acontecer ele já vai ser diferente. Somos o equivalente a Sir Isaac Newton: a maçã caiu e estamos explicando a gravidade da melhor forma possível dentro do que temos. Mas ainda vai surgir um Einstein e melhorar as teorias.
Agora algumas opiniões e previsões.
O METAVERSO É UM TRABALHO EM EQUIPE E ISSO VAI ACONTECER POR BEM OU POR MAL.
Mark pode colocar o nome que quiser e comprar a empresa que quiser, ninguém irá construir o metaverso sozinho. Esquece. O metaverso, assim como o nosso universo físico, precisa de tijolos, concreto, engenheiros, arquitetos, polícia. Vai precisar de um sistema operacional (um WindowsMeta? Um iOSmeta?) assim como vai precisar de fiscalização e de um visual. Para a parte visual, a Epic é a mais adiantada.
A Epic é dona do Unreal, um sistema que é usado para construir os mundos dos games e também os mundos de séries e filmes. Os ambientes de Mandalorian são feitos no Unreal, assim como o Fortnite. A Epic tem tudo para ser uma das construtoras, uma Cyrella do Metaverso. Mas vão existir outras. E precisa ser assim.
Isso é a mão invisível agindo, legal. Mas eu acho que os governos do mundo não podem permitir de forma alguma que alguém monopolize qualquer tecnologia do metaverso. Se vai ser o nosso futuro, precisa ser aberto, com livre concorrência. Eu, se fosse uma empresa de tech ou um senador americano, tinha soltado uma nota criticando o Mark. “O Metaverso será aberto e democrático e nenhuma empresa será a detentora exclusiva de nenhuma tecnologia crucial à existência dele”. E já vimos que Mark não tem a menor condição nem de controlar posts anti-vax na plataforma dele, imagina deixar o cara se autointitular o King Size do Meta. O que nos leva ao meu próximo ponto...
POR QUE “META” E NÃO “METAVERSE COMPANY”, MARK?
Tudo que ele não precisa é de mais uma crise de relações públicas. Se ele colocasse descaradamente “Metaverse Company” ele iria exagerar na força. Imagina a Coca-Cola se transformando em “The Refrigerante Company” ou o Google falando “agora nosso nome é Internet”.
Metaverso é amplo demais, é vago, não pertence a ninguém e nem pode.
Ao usar “Meta” ele diz: então, pessoal, eu quero tudo pra mim, mas tô dando uma disfarçada aqui. Na hora de escolher o ticker da NASDAQ, ele se entregou: MVRS.
OCULUS É POUCO
O metaverso, eu acho, não vai usar nem realidade virtual, nem aumentada, nem mixed reality. Vai aparecer algo melhor que realmente misture tudo. Para dar certo o metaverso precisa disso. Eu acho que, por mais assustador que pareça, haverá um gadget no futuro que funcionará diretamente nas ondas cerebrais. Viajei? Pode ser, mas me parece estranho um Oculus e um controle na mão. Muito old school. Precisa acontecer algo mais fluido, que una visão e controle. Vai ser tipo o Neo em Matrix se plugando através da nuca???
FACEBOOK FOI JOGADO AOS TUBARÕES
Você que já trabalhou ou trabalha em grandes corporações sabe como as coisas funcionam numa crise grave de relações públicas.
A mais alta patente da empresa vai a público, reconhece o problema, pede desculpas, promete “fazer mais”... e uma cabeça é entregue numa bandeja. Alguém precisa passar no RH. Se você assiste a Succession na HBO a primeira temporada terminou nesse dilema.
A finada Facebook Company fez todo esse ritual de RP várias vezes... exceto a última parte: não entregou a cabeça de ninguém na bandeja. Por quê? Porque teria de ser o próprio Zuckerberg, e ele detém o controle da companhia. É impossível tirá-lo de lá.
Ontem, pela primeira vez, tem cabeça na bandeja. E, convenhamos, é genial a sacada. O Facebook Rede Social é o sacrificado. Mark jogou para os tubarões não um funcionário, mas o próprio produto Facebook. Digo mais: Mark não vê a hora de realmente tropeçar nos fios do Facebook Produto e desligar da tomada.
MARK COMPLICOU A VIDA DO GOVERNO AMERICANO E DA UE
Mais cedo ou mais tarde o governo americano ou a UE chegaria à conclusão que Mark Zuckerberg é poderoso demais e mandaria Mark quebrar a empresa em pedaços. Qual o elo fraco? O Facebook Rede Social.
Se a empresa ainda se chamasse Facebook Company, seria super estranho se livrar do produto que tem o nome da companhia certo?
Problema resolvido. Ao mudar o nome para Meta, caso alguém determine a desmontagem da empresa, Mark pode facilmente se livrar do Facebook Rede Social, seu elo fraco, sem dó e ser o dono da Meta mantendo a parte mais saborosa: Oculus e Instagram.
DICAS PARA O FIM DE SEMANA!
SÉRIE: Estou bem apaixonado por Foundation, na AppleTV+. É uma série baseada no trabalho de Isaac Asimov, que claramente inspirou Star Wars. O showrunning é do genial David Goyer, o mesmo que ajudou Chris Nolan a escrever a trilogia do Batman.
GAME: FarCry6 é ótimo, ainda mais no PS5. Se quiser uns tiroteios e explosões, vai firme.
Essa é a minha primeira NewsLeifert, espero que vocês tenham gostado e espero ser mais conciso na próxima. O tema de hoje é complexo! Beijos a todos.