Eu estava louco para escrever sobre salas de cinema, mas aí o Jack Dorsey resolveu pedir o boné e não é mais CEO do Twitter.
Eu cheguei a ser feliz lá no Passarinho. Tive milhões de seguidores, em um momento fui o jornalista esportivo mais seguido do mundo. Dava risada na época de The Voice.
Até que um dia, desanimei. Desisti antes do @jack.
A imensa maioria das pessoas sequer entende o motivo de eu ter ido embora do Twitter. E tudo bem. Porque para a maioria dos usuários do Pássaro, você entra lá, lê umas notícias, ri dos memes, fica surpreso com a quantidade de trending topics sobre K-Pop. Vira e mexe alguém tem a reputação destroçada por uma horda de perfis com foto de diva pop, e segue o baile. O que quero dizer é que a maioria das pessoas é voyeur: fica só assistindo. Para quem é assim, a experiência não dói.
Mas tem um outro tipo de pessoa, mais parecido com o que eu era, que talvez me compreenda mais facilmente. Quem é publicamente exposto ou tem algum tipo de expertise (um doutor em imunologia, um professor de história, etc) ou quem se arrisca minimamente a dar uma opinião lá, por mais fútil que ela seja... essas pessoas têm um relacionamento abusivo com o Twitter. Aguentam pancada o dia inteiro, mas de vez em quando acontece algo legal. Insistem, porque tem raros momentos bons, e aguentam os vários momentos ruins na esperança de que “ele vai mudar”, ou “foi só desta vez”, “na verdade o twitter me ama”. Abusivo. Period.
Do nada, tem lá um prêmio Nobel batendo boca com uma @ que sequer tem coragem de usar o nome. Um Ph.D discutindo e sendo ofendido por uma foto do Simba. Uma cantora vencedora do Grammy sendo atacada por um perfil com foto do Naruto. Aí um dia eu me perguntei: mas porque diabos eu me importo com isso aqui? Qual o valor disso aqui vs o tempo que estou gastando?
Por que alguém leva em consideração a opinião do @XxXSupremaciaLovatics_XX, que não usa foto real e tem 3 seguidores?
E levam hein! Tenho uma coleção de matérias de portais grandes dizendo “internautas blablabla” e é uma meia dúzia de @s cada uma com 3 seguidores, virando notícia e passando a impressão de caos. Eu coleciono esses prints, porque me chocam. Um dia nossos netos vão dar risada da gente. Hoje, qualquer coisa, qualquer uma mesmo, está sendo neste momento detonada no Twitter. Bolo de chocolate, Dalai Lama, Flamengo, novelas, Ibrahimovic, tomada de 3 pinos (ok merece), Netflix. Se eu quiser, eu consigo achar meia dúzia falando mal de qualquer coisa a qualquer momento. E alguns portais adoram pegar essa meia dúzia e transformar em manchete. Num mínimo de esforço intelectual, a gente se pergunta: tá, mas qual o valor da opinião desta @ anônima? Quantas pessoas REALMENTE estão falando mal? 10? 100? 1000? Uma só? Merece preocupação ou é só o Twitter sendo Twitter? A pauta cairia com um mínimo de ética jornalística.
O BRASIL? Os 200 e poucos milhões de habitantes? “Pelo visto, sim!”, disse o UOL. Quantas pessoas no twitter estavam pedindo minha cabeça nesse dia? Não importa. Virou manchete do portal grande, como se eu merecesse perder o emprego ali no BBB20. E a minha condução do programa virou “debate”. Debate é sempre saudável, mas quantas pessoas? Qual a conclusão do debate? Construtiva? Eu tô trazendo isso de volta porque vocês conhecem o desfecho desta história, e da minha carreira também. Mas se dependesse desta notícia baseada em tweets, eu deveria ter sido aniquilado em 18 de fevereiro de 2020. Por que não aconteceu nada comigo, se o Brasil inteiro estava pedindo minha demissão? Talvez porque a fonte, o debate no Twitter, não seja tão relevante assim. Talvez porque não tenha sido o Brasil inteiro. Just maybe. E tô falando de BBB, hein? O programa mais comentado do mundo. Toda vez que trago este assunto à tona, sou chamado de mimado e “não aceita crítica”. Ora, eu aceito! Aceitei na época, nem falei nada! Mas gostaria que os autores da “notícia” aceitassem também, agora que o tempo passou. Eu não tenho problema NENHUM em ter gente reclamando do apresentador e da arbitragem, é totalmente parte do jogo. É o dia a dia de quem trabalha com público.
Minha pergunta é outra: qual o VALOR real, na prática, a ponto de virar manchete jornalística? Uma manifestação na Paulista em frente ao MASP com 1 milhão de terráqueos é notícia. Mas e uma rede social? Ela já não seria automaticamente enviesada e estatísticamente irrelevante se comparada à vida real?
Se havia 200 pessoas lá no twitter reclamando da minha condução, podemos concluir portanto que 199.999.800 estão cagando para o assunto? Ora, se a imensa maioria está cagando para o assunto, porque ele é importante para o portal? E se for, não seria minimamente ético dar a REAL dimensão do problema em vez de simplesmente generalizar do tipo BRASIL!!!! PÚBLICO!!!! E isso vale também quando me elogiam. Legal, mas será que eu mereço realmente? De quantas pessoas estamos falando, a ponto de virar manchete?
Eu discordo, portanto, do tom das postagens lá, discordo da forma como os TTs são medidos (falei disso em outra NL), discordo que ali seja uma filial da vida real e que um portal possa generalizar opiniões de lá como “público pede” ou “Brasil quer”, discordo da forma como perfis anônimos são permitidos e encorajados, discordo da forma como os políticos se comportam lá, discordo dos cancelamentos, não sei quantas pessoas de verdade estão ali, tenho várias dúvidas. Preferi gastar meu tempo em outras plataformas, assim como fez o CEO.
Da última vez que falei que não gostava do formato atual do Twitter (foi no começo do ano) um executivo do Twitter foi ao Twitter e fez exatamente o que eu critico no Twitter. Ironia total, mas aconteceu. Ele me atacou, chamou de mimimi minhas reclamações (sempre a mesma coisa), e marcou a Globo no Tweet para perguntar o que eles achavam da minha opinião. O cara era diretor, e agiu como um twitteiro abaixo da média. Indiretamente, ele queria que eu fosse punido pela Globo só por não gostar do Twitter, e desprezou meus pensamentos como mimimi. Ou seja, ele me deu razão, mas acho que não foi de propósito.
Ele provavelmente é um dos que sofrem do delírio coletivo de que a TV aberta precisa do Twitter e que o BBB deve muito do seu sucesso ao Twitter. Obviamente, está ao contrário. Basta fazer um simples teste: tire o BBB do ar e mantenha o Twitter. Meça a quantidade de Tweets de janeiro a maio (spoiler: vai despencar vertiginosamente). Agora deixe o BBB no ar e desligue o Twitter da tomada. Meça a audiência do BBB. Corto meu braço fora se mudar alguma coisa. O segredo para um bom BBB é o elenco, ponto final. Não há rede social que salve as plantas. E se não existisse Twitter, as pessoas iriam simplesmente arrumar outro lugar para falar a respeito. Se você ainda não está convencido, pegue outro evento pop: futebol. O futebol precisa do Twitter para alguma coisa? Se acabasse o Twitter, a Premier League iria sumir ou continuaria igual? E a Copa do Mundo? De novo: quem precisa de grandes eventos é o Twitter, não o contrário.
E sei também que aqui é luta inglória, tem um monte de gente que sofre desse delírio. Toda vez que alguém toca nesse assunto e tenta colocar o Twitter e consequentemente os Twitteiros em seus devidos lugares, alguns sites reagem. Uma vez critiquei o “trial by Twitter”, quando o Twitter assume o papel da polícia e do Poder Judiciário, e simplesmente “investiga”, julga e condena, sem nenhuma responsabilidade. Aí vem aquelas manchetes “10 vezes que o Twitter investigou corretamente blabla”. Sim, mas e as outras que deram errado? Quanto custa um erro? Bom, nem adianta eu perder muito tempo nesta parte, é meio que religião para algumas pessoas.
“Ain tiago laif mas pq então vcs fica colocanu tweet na tela?”
Excelente pergunta. Não sei. Se eu fosse chefe, já tinha tirado. Acho totalmente desnecessário. Só é legal para a @, para mais ninguém. Não sei nem se vocês leem aquilo.
“@fulaninhodetal89 affff agora essa prova vai pegar fogo!”
Uau, que demais.
Nossa, divaguei muito.
Vamos voltar ao executivo que queria que a Globo me punisse e acha que minhas reclamações são mimimi.
Ele não tentou argumentar ou conversar. Curiosamente, fui olhar a timeline para ver se ele tinha dito algo sobre a invasão do Capitólio, o movimento antivax ou a suspensão do Donald Trump. Nada. Zip. Niente. É fácil bater no tiago laif.
O que eu disse à época é a mesma coisa de sempre: a total incapacidade da plataforma de ser um lugar de troca de ideias saudáveis, e ser um lugar que incentiva o ódio. Nenhuma novidade.
O rapaz ainda completou: “se o tiago não gosta do twitter é porque estamos no caminho certo”.
Hmmm. Bacana.
Mas vejam que coisa surpreendente: o próprio CEO Jack Dorsey, fundador do Twitter, chefe do rapaz à épca, concordava com meu mimimi. Se liga:
2019, caramba. Esse tweet é de 2019. O CEO da empresa assumindo que o Twitter incentiva a raiva. Dois anos depois, ele manda essa:
2021, caramba. Dois anos depois. E aqui assume que o Twitter FALHOU na missão de promover conversas sadias. Curioso para saber se o rapaz do Twitter também fez um tweet detonando seu próprio Chefe, achou mimimi. “Se o Jack acha que falhamos é porque estamos no caminho certo”. Talvez agora que Jack pediu demissão fique mais fácil.
O Twitter borrou uma linha muito sagrada da boa convivência entre humanos: a que separa a ofensa da crítica. Indo além no assunto relação imprensa x twitter, a manchete “fulano é criticado nas redes sociais” é a mais imprecisa do mundo moderno. Pode até ter crítica, mas aposto com você que numa pesquisa rápida, você vai encontrar ofensas.
O que eu lia sobre mim era tipo isso aqui (não tô inventando, eu lia isso mesmo):
“esse tiago leifert defeca pela boca, pqp”
“O mundo seria melhor se a mãe do tiago leifert tivesse abortado”
“o tiago leifert é o câncer da TV Brasileira”
Troca meu nome pelo seu e me diz se tá tudo bem.
É crítica ali em cima ou ofensa? Vai me ajudar a ser uma pessoa melhor? Tem algum tipo de análise? Tem algum valor artístico?
É fácil detectar e punir racismo e todas as fobias, é fácil achar “Discurso de Ódio”, qualquer algoritmo ruim consegue.
Mas e esse ódio aí em cima? Esse ódio do dia a dia, esse ódio que te faz se sentir mal? Esse ódio que já colocou em depressão artistas famosos? Eu ficava #xatiado mas não a ponto de acreditar em nada disso. E te digo mais: se um dia numa entrevista alguém disser que “não liga”, é mentira. Dói, sim. Em qualquer um. Mas como faz para melhorar a plataforma se ela incentiva esse tipo de tweet? E não sou eu que tô falando, é o próprio Jack.
Não à toa ele pediu demissão nesta semana. O ódio na plataforma está fora de controle, as notícias falsas também, os robôs. Estava mais do que na hora de trocar a liderança.
Fora isso, agora vai uma opinião ainda mais impopular.
Sim, a plataforma acabou incentivando o mau comportamento. Mas a culpa é NOSSA, também, certo? O algoritmo não te hipnotiza, não entra na sua mente e te manda ser estúpido. Há, sim, um componente humano que não podemos descartar. Há, sim, um problema de livre arbítrio que não é culpa do Jack.
Nós humanos, descendentes de tribos que se reuniam para contar histórias na parede de uma caverna ou em torno de uma fogueira, não fomos programados para uma interação virtual do tipo Twitter. Nosso cérebro não está pronto.
Nós humanos não estamos cabeados para interagir anonimamente com uma pessoa desconhecida. A chance de descambar para a pancadaria virtual é grande. Deve ser questão de sobrevivência (e talvez de auto-estima).
A sensação de vitória num argumento é muito mais fácil quando você se une a outros que pensam como você e o diferente é queimado na fogueira. Você sai vitorioso na hora, mesmo podendo estar errado. É muito mais fácil descartar eletronicamente uma ideia que não te agrada, BLOCK, é bem mais difícil num debate cara a cara.
É complicado explicar essas abstrações, mas eu penso o seguinte: a empatia funciona pessoalmente. É contra-intuitivo ter empatia por quem você não tem vínculo algum (um baita exercício, aliás, todo mundo deveria tentar) e ainda é diferente de você. E aí entra em cena outro instinto de sobrevivência: destruir o inimigo. Quando você “destrói” uma pessoa no Twitter dizendo que a mãe dele deveria ter abortado, você se sente PODEROSO.
Não conheço, não faz parte da minha vida, pensa diferente de mim. É uma ameaça! Destruir o inimigo.
É famoso, mais bem-sucedido que eu, vou xingá-lo para diminuí-lo e assim me sinto melhor com minhas próprias limitações e frustrações.
Fora isso, quando a pessoa se une a outras e começa a destruir uma terceira, o sentimento de estar “do lado certo” é irresistível. Mas… será mesmo o lado certo?
Jack tinha culpa. E todas as @s têm. Eu já me comportei mal no Twitter, também. E morro de vergonha. Foi pouco, mas o suficiente para me fazer colocar a mão na consciência e me sentir profundamente envergonhado. Errei.
E pelo menos comigo, o abuso online nunca se traduziu em abuso real. A primeira vez que fui massacrado no Twitter eu pensei “putz, ferrou, não posso mais sair na rua”. Era 2010. A gente ainda achava que uma interação online possuía o mesmo VALOR que uma interação cara a cara. Mas aí eu saí na rua... e não aconteceu nada. Aliás, fiquei com a impressão de que ninguém nem sabia o que estava acontecendo.
E agora? O Twitter tá aí, tem gente que ama, tem gente que gostaria de gostar. Se você fosse o novo CEO, o que você faria? Dá para arrumar? Será que o Twitter tem salvação?
Eu acho que dá, mas é necessário um freio de arrumação que, creio eu, eles não estão dispostos a aceitar. Qualquer remédio precisa atacar, diretamente, as relações humanas na plataforma. E isso significa o quê? Exatamente o que você está pensando: menos engajamento, barreiras de engajamento, filtros de engajamento. E tudo isso levaria a um número inferior de DAU (daily active users), o que levaria a uma queda na receita e consequentemente uma queda no preço das ações, que já não é lá grandes coisas. Ouch.
Esse é o dilema.
Arrumar o Twitter é, de certa forma, matá-lo um pouquinho. Mas digamos que eles tenham coragem. O que dá para fazer? Seguem minhas sugestões para o rapaz do twitter ter um ataque de cringe.
APENAS MAIORES DE 18 ANOS
Já passou da hora de tirar crianças e adolescentes das redes sociais. Os danos estão amplamente documentados.
VERIFY EVERYBODY!
Sim: verificar com V azul simplesmente TODO MUNDO que quiser. Você abre uma conta no Twitter tal qual abre num banco digital: documento com foto, celular, email, etc.
Desta forma, você será completamente responsável pelo que você diz. Eu garanto que vai melhorar o discurso, porque fica mais fácil identificar quem são os agressivos. Vai poupar bastante trabalho para a Delegacia de Crimes Digitais (de quem sou fã, aliás, trabalho muito difícil).
E esse usuário que topou se verificar vai interagir na plataforma apenas com outros usuários que também toparam se verificar. Assim, não teremos mais o problema do troll com foto dos Power Rangers.
Os usuários que não querem se identificar vão ficar no “dark twitter”, eles não podem interagir nem tuitar, só ler. Se quiser criar conteúdo, precisa ser verificado.
O Twitter sabe e assume que verificados se comportam melhor (há pesquisas internas), mas hoje o V está disponível apenas para pessoas publicamente expostas. Aqui, na minha ideia, o V é para TODO MUNDO, e vira um privilégio tal qual uma carteira de motorista: só tuita quem tiver V.
A ARROBA É SUA
Não sei se eles já fizeram isso, porque não estou lá. Mas acho que seria saudável a pessoa aprovar os tweets que usam a arroba dela. Se não me engano, hoje você pode se “desmencionar” de um tweet em que você não quer estar.
Exemplo:
“essa @ladygaga é uma idiota”
Hoje, o ADM da Gaga pode desmarcar a @. Mas é pouco. Como que uma pessoa com 100M de seguidores faz para se desmarcar? Um por um?
O ideal seria: esse tweet só pode ser PUBLICADO se a Lady Gaga autorizar.
Quando você marca a pessoa, a pessoa tem mais chance de ler, certo? E os fãs também. É uma técnica comum dos trolls. Mas e se a pessoa não quer nem ver? O ideal seria esse formato: você pode continuar ofendendo a honra das pessoas, mas sem a @ delas. A @ vira propriedade, só pode usar minha @ quem eu autorizar.
Repito: liberdade total de expressão! Pode xingar. Só muda a visualização e o engajamento. É uma barreira de engajamento? É. Você terá que escrever por extenso o nome da vítima. Vai dar mais trabalho, ser menos visível, e melhorar a qualidade dos replies.
Enquanto escrevia este texto, o Twitter publicou uma nova regra para uso de imagem: é proibido postar foto ou vídeo de terceiros sem autorização deles. Correta atitude do pássaro. E repare: é uma barreira de engajamento. Tem várias exceções à regra, é bem complicado porque mexe com jornalismo e interesse público, mas é um começo para defender o “private citizen”.
UNREPLIABLE TWEETS E O PERDÃO
Hoje, se não me engano, você pode esconder replies que não quer ver ou escolher quem pode dar reply para você. Mas eu iria além.
Eu via direto uma pessoa pedindo desculpas ou uma empresa publicando nota e nos replies, só mais e mais porrada. É tipo o “walk of shame” do Game of Thrones. Você pede desculpa e só apanha. Posta nota de esclarecimento e continua sendo atacado.
Existe uma pesquisadora no time de Safety do Twitter que estava desenvolvendo uma ferramenta de perdão. Estava, porque o Twitter engavetou o projeto, eles não conseguem chegar num formato.
E se... por opção, para iniciar essa ideia, o criador clicasse numa opção dizendo “este tweet não pode ter replies”.
Quem quiser criticar, pode. Mas cada um na sua própria timeline, diminuindo o engajamento. Evitaria o apedrejamento de quem está passando por um momento delicado. A @ se defende, posta sua nota de esclarecimento, seu pedido de perdão. Quem quiser ler, lê. E evitaria que o próprio pedido de desculpas se transformasse em ainda mais ódio nos replies.
Resumindo: precisa haver um caminho seguro para comunicados e pedidos de desculpa que não seja um campo de batalha para ainda mais abuso.
TOLERÂNCIA ZERO COM ROBÔS
Eu se fosse CEO faria uma promessa de acabar com TODOS os robôs do mau até o fim de 2022. Não é possível que essas mentes brilhantes que criam empresas que valem bilhões não conseguem determinar o que é um robô. O problema? Vai despencar o DAU e o engajamento, mas vai melhorar a qualidade da interação. E ao verificar todo mundo, esse problema aqui melhora muito.
BOTÃO DE AGREE, DISAGREE, GOOD POINT.
Eu disse para vocês outro dia que não gostava do botão de like. Meu problema é o conceito ao pé da letra: gostar e não gostar. Veja que várias discussões online são sobre isso: gostar ou não gostar de uma pessoa, de um jogador, de um artista, de um filme.
De todas as opiniões humanas, o gostar/desgostar é, para mim, a mais rasa. “Gostei” desse tweet é pouco. Gostou por quê? Era engraçado? Um bom argumento? Você simplesmente gosta da pessoa?
E mesmo sendo a mais rasa, é um julgamento que vai no nosso medo mais íntimo: ser ou não querido pelas pessoas. A rede social está colocando você de cara com seus traumas do ensino médio. “As pessoas gostam de mim?”. Tem gente viciada em like. Viciada em ser querida. E acaba se comportando de uma forma que ela sabe que vai causar mais likes, mas não é necessariamente a melhor forma de agir, a mais saudável.
Então por que não melhorar a qualidade da interação?
Acabar de vez com likes.
Começar a experimentar novos botões: “bom ponto!”, “interessante”, “engraçado”, “fale mais a respeito”, “concordo ou discordo”. E esses botões seriam habilitados (ou desabilitados) pelo autor do tweet: ele tem mais controle sobre a interação.
Querem ir mais além? Abolir todos os botões de interação num primeiro momento. Tudo. O que aconteceria sem eles?
Duas coisas, para terminar: não quero causar nenhuma polêmica ou machucar. São minhas opiniões sobre o Twitter e sobre porque é a rede mais problemática para mim. Talvez meu tom tenha parecido destrutivo, porque vocês estão lendo e não me ouvindo falar. A verdade é que eu torço muito para que eles consigam consertar as coisas e eu possa um dia voltar a usar e me divertir/informar. Reconheço que é uma ferramenta MUITO interessante e importante. Eles estão tentando de tudo, é nítido. O pessoal do Safety quebra a cabeça. Kudos ao pessoal de Safety do Passarinho.
E uma curiosidade: o novo CEO do Twitter, Mr Parag Agrawal, tuitou sabe quantas vezes em 2021? Só 10. Nem ele tá usando direito. É isso.
Postei e saí correndo.
ALEATÓRIAS
A CONMEBOL finalmente aboliu a bizarra regra do gol qualificado, que na prática dizia que um gol fora de casa valia 2. Uma regra sem pé nem cabeça que permitia, por exemplo, chegar à final sem vencer nenhum jogo de mata-mata. 0x0 em casa, 1x1 fora: classificado porque o gol valeu 2. 0x0 em casa, 1x1 fora, classificado de novo. Um pesadelo que terminou.
Muitas coisas mudando no tema “audiência”. Li um artigo interessante no NiemanLab criticando a definição de “assinantes”. Tem várias empresas (de texto, tipo jornais e sites de notícia) que dizem que tem, sei lá, milhões de assinantes. Mas na verdade são pessoas que assinam o serviço gratuito, só colocaram o email lá. Assinar a ponto de pagar a anuidade? É outra parada. Então tomemos cuidado com esses números de “assinantes”. Sempre bom perguntar: qual a definição? Quem gasta dinheiro mensalmente ou quem só colocou o email e lê a parte gratuita? Aqui somos todos gratuitos, e passamos 25 mil! Grazie!
“DUNE”, já disponível no HBOMax, é brilhante. Mais um trabalho absurdamente bem feito de Dennis Villeneuve, que na minha opinião já entra no Hall dos Grandes.
Recomecei a jogar Death Stranding no meu PS5. Oh boy... Hideo Kojima é gênio realmente. Que jogo esquisito e maravilhoso. Tem nada parecido.
MC Laifinho foi indicado no TikTok Awards. Inacreditável. Sem nunca ter postado sequer uma dancinha.
O alter ego sem carisma de MC Laifinho, Tiago Leifert, foi eleito Man of the Year da Revista GQ na categoria Televisão. Tá nas bancas e online! Muito obrigado!
É isso. Até semana que vem se eu ainda estiver por aqui… pode ser que O BRASIIIIILLL PEÇA MINHA ELIMINAÇÃOOOOOOO
bjs